segunda-feira, 20 de julho de 2009

Secos e Molhados

. segunda-feira, 20 de julho de 2009
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Hoje ecreverei sobre um fenômeno musical brasileiro, que aprendi a gostar e admirar na minha fase fã da música nacional.

Em 1970, o cantor e compositor João Ricardo, em viagem às proximidades de Ubatuba, teve sua atenção voltada para um letreiro onde estava gravada a expressão "Secos e Molhados". Adotou então o nome e criou a banda, que teve sua primeira formação em 1971.

Essa formação, no entanto, se desfez no mesmo ano. Em 1972 consolidou-se a formação clássica com Gerson Conrad, João Ricardo e Ney Matogrosso. Em novembro daquele ano fizeram a primeira temporada no Teatro do Meio, no Ruth Escobar, doublé de casa noturna: “Casa de Badalação & Tédio”. Durante as apresentações conheceram o futuro empresário, o jornalista Moracy do Val, que lhes propôs gravar o primeiro disco.

As gravações começaram em 23 de maio de 1973 e duraram quinze dias. O disco foi lançado quatro meses depois e ao fim do mês de setembro chegaria á marca inacreditável de trezentas mil cópias vendidas. Tornou-se o maior fenômeno da musica popular do Brasil, batendo todos os recordes de vendagem de discos até então. Participaram de vários programas de televisão, deixando o país em polvorosa.

Em novembro mostraram-se para o Rio de Janeiro num show único no Teatro “Thereza Raquel” para sentirem a recepção do público carioca. Foi preciso chamar a polícia de choque para conter o assédio das pessoas que compareceram em numero três vezes superior á lotação do teatro.

Em junho de 1974 começaram as gravações do segundo álbum. Em agosto aconteceu o lançamento no programa “Fantástico” e ao mesmo tempo o término dessa formação, em consequência de brigas internas entre os membros. João Ricardo tentou depois ressuscitar o Secos e Molhados pelo menos quatro vezes, com diferentes formações, nenhuma incluindo qualquer outro membro original do grupo.

Na opnião de Luiz Carlos Maciel:

"Se, naquele tempo, uma nave mãe tivesse pousado, por exemplo, na Praça dos Três Poderes em Brasília e despejasse através de suas portas alguns alienígenas, ela não teria causado um impacto, uma perplexidade e um maravilhamento que pudessem rivalizar com os provocados pelas primeiras apresentações ao vivo de um novo grupo de música popular brasileira chamado Secos e Molhados. Foi um espanto! O impacto inicial era visual: nunca se tinham visto aquelas roupas, aquelas maquiagens, aquelas cores e desenhos; e mais: a movimentacão no palco, em especial a coreografia exótica e sensual de Ney Matogrosso, era simplesmente desconcertante. O impacto seguinte era sonoro, o espanto também era auditivo. O som dos Secos e Molhados surpreendia não apenas pelo timbre e registro insólitos da voz de Ney, mas também impressionava pela sua musicalidade exuberante, nas composições agudas e envolventes, nos arranjos modernos mas sutis e na qualidade contagiante das interpretações. A fase áurea dos Secos & Molhados é um momento singular da música popular brasileira. E eles só tiveram fase áurea! Surgiram e acabaram logo, para dar lugar a carreiras solo de seus componentes, como se tivessem sido o brilho súbito de um quasar, uma suava explosão, um sonho irreptível."

Abraços.

Matheus Carvalho".

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domingo, 12 de julho de 2009

Bananaz para Gorillaz

. domingo, 12 de julho de 2009
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Por Érick (Delemon)

 

Hoje falo-vos de música. Na falta de escritores ativos por aqui para falarem de cinema, HQ, jogos e tudo quanto o mais arrisco nessa área que não conheço a não ser pelo que sei que gosto. Hehe. Pra mim isso basta e por isso eu falo da banda virtual Gorillaz!

 Gorillaz © 2005 EMI Records Limited. All rights reserved

O primeiro atrativo da banda foi justamente ela não existir enquanto pessoas. Os músicos por trás da banda não se referem à nenhum personagem específico. Tudo isso facilita na criação aleatória e divertida de uma origem para 2D, Murdoc, Russel e Noodle que lhes contente um passado igualmente virtual, assim como nunca se ouvirá nenhum escândalo desses partícipes, todos possuem um aspecto meio british-pop e punk.

O Gorillaz me cativou – como todos na época – com a música Clint Eastwood. Depois a banda se mostrou mais que um desenho animado, mais alguns bons álbuns vieram e a derradeira em que se pode perceber profunda habilidade com música veio em Demon Days.

Mesmo que tenha poucos álbuns a banda se mostrou versátil, não necessariamente ligada à facilidade de se desenhar e renovar pouco a pouco os membros da banda. Não lembro de nenhuma/não li resenhas dos álbuns, mas o primeiro – Gorillaz – varia do rock/rock alternativo ao hip hop por intermédio de música eletrônica, que se manteve com G-Sides de uma forma um pouco mais pesada… talvez… sombria!

Laika Come Home, é uma remixagem interessantíssima das músicas de Gorillaz, mas feita de tal forma que se tornaram quase outras músicas, a mim sempre me pareceu extremamente calcada no reggae: ficou uma mistura interessante.

Por último Demons Days – já começa a brilhar na capa (a meu ver), fazendo uma pequena intertextualidade com os Beatles. Desbancou o primeiro álbum e alcançou boas posições na tabela, mesmo não conhecendo de música só posso dizer que minha impressão é que é como se tivessem mantido o matiz do primeiro álbum, porém com um tom mais vivo, colorido – como disse “o próprio” 2D; a música é toda preenchida. Surge em 2007 o D-Sides, seguindo a mesma ideia do G-Sides: um disco de Lado B’s (sacou a intertexualidade bloguística) e remixes.

Sobre o fim da banda muito se ouve falar desde o segundo álbum. Há a possibilidade de um novo álbum de estúdio surgir ainda. Mês passado foi lançado um documentário, um filme já havia sido programado e cancelado, os últimos shows também sumiram em vista do custo e da dificuldade de se criar um show completamente holográfico – como foi o caso incrível do Grammy de 2006.

Diante da escolha de quase metade das músicas do primeiro álbum e Feel Good Inc. e Dirty Harry de Demon Days, vos deixo com Ghosttrain, um “Lado B” afinal! De um disco nem um pouco Trash, porém. Acredito que essa música consegue reunir um pouco de dub, remix/música eletrônica, ótimo vocal e modulação, rítmo pop gostoso de Gorillaz, junto com rock ao final. Aproveitem a montagem!


 

Gostaria de deixar também o vídeo que citei ali do Grammy 2006. Juro que sempre que o vejo arrepio. É uma obra de arte. Pra mim junta o melhor de Gorillaz com a transmissão perfeita pra música da Madonna – que também é perfeita desde o “início Abba” de Hung Up no melhor estilo Disco Music, (que também adoro). É demais:

 

Até a próxima

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segunda-feira, 6 de julho de 2009

História? Para quê?

. segunda-feira, 6 de julho de 2009
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Coincidência ou não, mas anteriormente à publicação da postagem do Érick (ontem), eu estive pensando em escrever sobre o sentido de se estudar história..
Antes de entrar no tema em questão acho que seria interessante se eu fizesse um apanhado breve da minha trajetória no curso.

Lembro de quando eu fazia o ensino médio lá em Araxá e já desejava fazer o curso. A inspiração vinha de uma professora com posicionamento político à esquerda que me refletir sobre algumas questões que até então eu não enxergava muito claramente. A partir daí, por iniciativa própria, tomei meu primeiro contato com Marx.


Àquele momento eu pude ter uma noção maior da dimensão de questões sociais, econômicas e políticas, mesmo que de forma simplificada. Cheguei a participar de alguns movimentos estudantis – o que me fez chegar já descrente deles à universidade.

Contudo, eu ainda acreditava na possibilidade de se fazer alguma coisa pelas pessoas. E a carreira de professor, e, ainda mais, sendo professor de história me parecia ser um caminho para fazer alguma coisa.

Entrei na universidade. Sai da minha cidade. Vim sem o aval de quase ninguém. Algumas pessoas me diziam coisas como: “Mas você é tão inteligente! Por que é que vai fazer história?”.

Dificuldades passadas – que talvez venha a contar em algum blog em outro momento. Momentos complicados, momentos importantes, mas todos valorosos para a minha formação acadêmica.

Enfim, o que eu queria destacar é que em boa parte do curso eu me perguntava o “porquê” de se estudar história? Para que me dedicava àquilo?

Algumas coisas me deixavam perdido. Os professores com posicionamentos diversos. Para uns a erudição parecia ser tudo. Para outros, a “reprodução” parecia ser tudo. E a outros, não conseguia enxergar qualquer sensibilidade a respeito da vida das pessoas...

Cheguei a querer me imergir na erudição. Cheguei a repudiá-la em outro momento...

Mas, estudando, é que encontrei algumas respostas. Melhor dizendo, como não poderia deixar de ser, buscando respostas, é que as encontrei.

E este é um ponto que considero importante para registrar aqui o que é minha concepção de história. Para mim prática e estudo são indissociáveis.

E o sentido da prática deveria minimante abranger ao que coloco aqui : um historiador, jornalista ou estudioso das humanidades – pegando emprestada posição semelhante do professor Eric Hobsbawm – deve se lançar a questões que são relevantes para os problemas de seu tempo.

Isso não implica dizer que a história de tempos mais remotos não seja algo importante de ser estudado, como alguns poderiam pressupor. Porém, a meu ver, para qualquer estudo com o qual nos propusermos a abordar, é necessário que levemos em consideração se aquilo tem alguma relevância para os problemas da vida social.

Do contrário isso é mera erudição. E que me desculpem os eruditos adeptos do conhecimento-vazio-construído-em-torres-de-marfim-do-saber-oficial, mas não acho que o propósito da história é estudarmos temas “fascinantes” como: a milionéssima nona análise das obras do Molière; a arquitetura das pirâmides do antigo Egito; ou a análise sistemática da estruturação discursiva das obras neo-freudianas da abstração moral (se é que esse último existe, apesar que não duvido muito...).

E, além disso, quando falo em ser historiador, também falo em ser professor. E ser professor no nosso país, significa trabalharmos com crianças e adolescentes que têm problemas REAIS! E se não nos preocupamos com isso. Se não nos preocupamos com a vida dessas pessoas. Se não queremos um mundo melhor. Se achamos que nada podemos fazer e que tudo é como é porque é natural, melhor seria nos abstermos de tudo. Largar a universidade. Pedir que cassem todos os cursos não só de história, mas de todas licenciaturas oferecidas pelas instituições deste país!

Obviamente, tenho em mente todas dificuldades que ocorrem no cotidiano das escolas públicas. Problemas que o governo tem responsabilidade. Mas que nós também temos. E quando falo em nós, falo desse NÓS, falo de professores e estudantes de licenciaturas.

Estudantes que ficam preocupados com seu ridículo mundinho universitário e muitas vezes desconexo com a vida das pessoas de fora de suas instituições e – desculpe dizer para aqueles que ainda não se aperceberam – são a maioria das pessoas. Professores, que reclamam da situação profissional e nada fazem de concreto para mudar alguma coisa. (Ou não seria uma verdade que as raras manifestações geralmente só ocorrem motivadas por questões salariais? O que é importantíssimo obviamente. Mas será que não é preciso nos manifestarmos a favor do ensino público de qualidade e mais digno?).

A meu ver o que nós, estudantes e historiadores, deveríamos recuperar seria o “espírito” da crítica construtiva, e ressalto, para questões do nosso tempo. Tal como fizeram, mesmo com seus erros e posições questionáveis – somente assim que acertamos em alguma coisa, não é mesmo? – autores (nem todos historiadores) como Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré, Paulo Prado, Sérgio Buarque de Hollanda, Déa Fenelon, Eder Sader, Paulo Freire e tantos outros...

E para quem não se importa com nada disso e quer continuar estudando história só digo o seguinte: seja feliz estudando àquilo que não interessa para ninguém aí no reino encantado das bolsas de iniciação e do currículo lattes. Afinal, não vivemos no mesmo mundo, né?

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sábado, 4 de julho de 2009

Uma reflexão sobre História

. sábado, 4 de julho de 2009
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Por: Érick Delemon

 

Tenho 18 anos e mal terminei o primeiro período de História. Quase imberbe não me dou ao luxo de cagar regras sobre como devem ser as coisas! Ao menos tento não falar daquilo que não sei! Um hábito muito comum no Brasil e que já me afetou muito. E hoje quero deixar uma reflexão a que cheguei – e não é nada nova, nem, contudo revolucionária. Ao contrário, a chamo de conservadora, e por isso mesmo a julgo tão importante hoje: um momento em que esse sentido da História não me parece ser devidademente trabalhado na faculdade.

Falo aqui do porque de se escrever História. Num blog em que há tantos futuros historiadores, nós mesmos não adentramos muito nos detalhes de nossos estudos na Universidade talvez até para não enfadar nossos leitores com temas semelhantes e que constantemente se pareçam com trabalhos acadêmicos. Hoje acredito seguir esse costume ao menos em parte – mesmo que falando de História.

800px-Jacques-Louis_David_004 Leônidas do século XVIII é o Leônidas de “300”? E esses conjugam a verdade?

 

Meu objetivo aqui é simples: eu não sei por que quero fazer História. Por que quero escrever longos textos que decorrem de pesquisas em papéis e mais papéis e outros suportes. Mesmo quando tento explicar minhas motivações aqui, tudo parece partir de uma inexplicavel vontade de simplesmente conhecer mais, saber mais, entender mais e daí – talvez – a vida ditaria os rumos em que melhor aplicaria meu conhecimento. Meio estranho, muito subjetivo.

Quando nos é perguntado sobre os sentidos da História, ou sobre por que se pode fazer História, ou como ela é feita, ou ainda: qual o nosso objetivo em fazê-la, temos várias respostas à mão. E muitas muito boas e acredito que em maior ou menor medida, posso endossar a maioria delas: por reinterpretar a realidade, por fornecer novos meios de entender os costumes de hoje e de antigamente, ou simplesmente para se ter memória do que é o ser humano enquanto ser ‘secular’ e que pode ser pensado para além de uma única geração a qual nosso corpo – e talvez mente – esteja preso. Alguns, de diretiva esquerdista também podem dizer: para dar voz aos oprimidos, aos que não tem história. Para reafirmar a retórica dos trabalhadores. E tudo o mais.

Sobre esses últimos não tenho opinião formada, apesar de achar um estudo de História legítimo e louvável, mesmo que não concorde com as categorias de análise com que trabalhem – mas sou contra que somente esse tipo de História seja feita sobre o povo brasileiro, somente este tipo de estudo seja capaz de “mostrar a realidade como realmente é”.

Para mostrar uma coisa, só posso dizer aos meus amigos que farão prova de Roma nessa semana que o sentido da História é o mais louvável quando este se mostra similar aos que gregos e romanos faziam. Não é retrógrado querer retomar essa visão de senso do humano e perenicidade de sua natureza como base para uma historiografia do século XXI que tenha responsabilidade intelectual. Não desejo que voltemos no tempo, que apaguemos todas as mudanças, que só façamos histórias de guerras, que só descrevamos o imediato.

Mas que nos preocupemos com algo que deva ser deixado, algo que possa penetrar na acidez corrosiva que o tempo age materialmente e no imaginário. Algo que mostre que Heródoto fez suas histórias, relantando-as, mas jamais comentou, manteve-se isento enquanto opinador, que Tucídides possuía uma escrita invejável e que talvez não tenha sido superada justamente por sua preocupação com os valores que deveriam ser passadas. Assim como demais, vemos Tácito, ou Salústio, que enxerga as virtudes como a única coisa que permanece no tempo, que perpassa a História. Se não é a única, é a principal que deve ser posta à rigorosidade do tempo. Para que seja mostrada, avaliada e assim identificada no tempo posterior.

Do ser humano, é o que trata a História. E de sua natureza é o que trata a Filosofia.

Enquanto não falo mais dessa minha visão estranha da Filosofia da História. Fico por aqui, até!

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