Por: Érick Delemon
Tenho 18 anos e mal terminei o primeiro período de História. Quase imberbe não me dou ao luxo de cagar regras sobre como devem ser as coisas! Ao menos tento não falar daquilo que não sei! Um hábito muito comum no Brasil e que já me afetou muito. E hoje quero deixar uma reflexão a que cheguei – e não é nada nova, nem, contudo revolucionária. Ao contrário, a chamo de conservadora, e por isso mesmo a julgo tão importante hoje: um momento em que esse sentido da História não me parece ser devidademente trabalhado na faculdade.
Falo aqui do porque de se escrever História. Num blog em que há tantos futuros historiadores, nós mesmos não adentramos muito nos detalhes de nossos estudos na Universidade talvez até para não enfadar nossos leitores com temas semelhantes e que constantemente se pareçam com trabalhos acadêmicos. Hoje acredito seguir esse costume ao menos em parte – mesmo que falando de História.
Leônidas do século XVIII é o Leônidas de “300”? E esses conjugam a verdade?
Meu objetivo aqui é simples: eu não sei por que quero fazer História. Por que quero escrever longos textos que decorrem de pesquisas em papéis e mais papéis e outros suportes. Mesmo quando tento explicar minhas motivações aqui, tudo parece partir de uma inexplicavel vontade de simplesmente conhecer mais, saber mais, entender mais e daí – talvez – a vida ditaria os rumos em que melhor aplicaria meu conhecimento. Meio estranho, muito subjetivo.
Quando nos é perguntado sobre os sentidos da História, ou sobre por que se pode fazer História, ou como ela é feita, ou ainda: qual o nosso objetivo em fazê-la, temos várias respostas à mão. E muitas muito boas e acredito que em maior ou menor medida, posso endossar a maioria delas: por reinterpretar a realidade, por fornecer novos meios de entender os costumes de hoje e de antigamente, ou simplesmente para se ter memória do que é o ser humano enquanto ser ‘secular’ e que pode ser pensado para além de uma única geração a qual nosso corpo – e talvez mente – esteja preso. Alguns, de diretiva esquerdista também podem dizer: para dar voz aos oprimidos, aos que não tem história. Para reafirmar a retórica dos trabalhadores. E tudo o mais.
Sobre esses últimos não tenho opinião formada, apesar de achar um estudo de História legítimo e louvável, mesmo que não concorde com as categorias de análise com que trabalhem – mas sou contra que somente esse tipo de História seja feita sobre o povo brasileiro, somente este tipo de estudo seja capaz de “mostrar a realidade como realmente é”.
Para mostrar uma coisa, só posso dizer aos meus amigos que farão prova de Roma nessa semana que o sentido da História é o mais louvável quando este se mostra similar aos que gregos e romanos faziam. Não é retrógrado querer retomar essa visão de senso do humano e perenicidade de sua natureza como base para uma historiografia do século XXI que tenha responsabilidade intelectual. Não desejo que voltemos no tempo, que apaguemos todas as mudanças, que só façamos histórias de guerras, que só descrevamos o imediato.
Mas que nos preocupemos com algo que deva ser deixado, algo que possa penetrar na acidez corrosiva que o tempo age materialmente e no imaginário. Algo que mostre que Heródoto fez suas histórias, relantando-as, mas jamais comentou, manteve-se isento enquanto opinador, que Tucídides possuía uma escrita invejável e que talvez não tenha sido superada justamente por sua preocupação com os valores que deveriam ser passadas. Assim como demais, vemos Tácito, ou Salústio, que enxerga as virtudes como a única coisa que permanece no tempo, que perpassa a História. Se não é a única, é a principal que deve ser posta à rigorosidade do tempo. Para que seja mostrada, avaliada e assim identificada no tempo posterior.
Do ser humano, é o que trata a História. E de sua natureza é o que trata a Filosofia.
Enquanto não falo mais dessa minha visão estranha da Filosofia da História. Fico por aqui, até!
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