domingo, 7 de junho de 2009

Politicamente correto, sociedade e ditadura

. domingo, 7 de junho de 2009

Por: Érick Delemon

 

Estava eu lendo um blog de um fiel amigo da Internet. E lá me deparei com dois posts que, no final, trouxeram uma “discussão” em que os acusadores simplesmente misturaram qualquer argumento ridículo de politicamente correto. Que cada dia mais vejo como uma empulhação – como diz o Olavo. Isso de politicamente correto é só um nome novo pra “moralismos”, termo que hoje em dia pega mal somente porque parece apregoar algo passado e retrógrado; e contudo ser politicamente correto parece ser como assumir uma série de paradigmas em que você não pode dizer o que realmente pensa, com medo de onfender mil e um sujeitinhos sociais (veja por exemplo, o que diz a pédia).

Sim, sujeitinhos porque nesse novo moralismo todo mundo é um grupinho à parte, toda e qualquer forma de identidade se torna preceito para uma nova minoria excluída. Sim porque para alguém que é diferente não vale ser diferente se não for excluído, afinal esse é o motivo de urgir tantas diferenças tão sistêmicas e sem fundamento.

 

sacrifice

© John Pritchett

O humilde sacrifício: o da verdade!

 

Concordo com o Mr. X sobre a ditadura do politicamente correto:

Um fenômeno global desse tipo, em que idéias idiotas ou contraditórias são universalmente promovidas, e os que se negam a aceitá-las são punidos, não pode ser mera coincidência.

Maconha bom, cigarro ruim. Aborto bom, pena de morte ruim. Palestinos bons, israelenses maus. Socialismo bom, capitalismo ruim. Gays bons, cristãos maus. União Européia bom, soberania nacional ruim. Armas nas mãos de guerrilheiros e terroristas sim, nas mãos de civis, não.

Essas não são idéias que surgem espontaneamente na cabeça das pessoas. São promulgadas e difundidas insistentemente pela mídia, fundações, ONGs, instituições.

E ai de você se discordar.

O amigo blogueiro nem discordou, nem concordou: relatou o cômico de sua situação e… ai dele! Uma pena realmente. Ademais ele não insultou ninguém, e como ninguém ousou nos comentários, amaciando-lhe o ego somente para dizer: éé, difícil agradar a todos, ou tem gente que não entende, eu disse: não tem que pedir desculpas, não insultaste ninguém, nem nenhum grupo, ademais, concordo com Spagnoli: temos o direito ao insulto; quando nos sentimos mal e da mesma forma que aquele que grita se achando insultado com um relato da realidade e imputa falso crime, pode ouvir uns palavrões e berros e por falso testemunho e ouvir alguém mandando-o descer do mundo onde ninguém tem a necessidade de falar umas verdades quando o sangue lhe sobe à cabeça e todos são certinhos, centrados, usando termos neutros e adornando o fadado relativismo ao discurso de todos.

 

sheriff-political-correctness-john-s-pritchett © John Pritchett

Morte de tudo que representa a 1ª ementa estadunidense, a imprensa e sua liberdade

 

Da limitação do discurso pessoal por termos relativizadores – quando não são necessários, ou até danosos para o argumento – passamos a um momento de controle subjetivo das coisas. Parece pequeno, mas a partir do momento em que seguramos nossa língua na preferência de um termo ameno em lugar de algo que realmente sentimos e acreditamos ser necessário que seja dito, já temos nossas opiniões sempre num cadafalso, à espera da morte sufocada e de quebrar a espinha da verdade como a queremos exprimir.

Num lugar como uma enciclopédia, por exemplo, ou algo que visa a informação generalizada o texto deve sim ser construído com um princípio de imparcialidade. E nesse âmbito certas palavras devem ser evitadas. Mas isso somente enquanto um texto de construção e ligação entre fontes, sendo o próprio artigo enciclopédico uma fonte secundária ou até terciária. Mas quando o artigo cita, expõe ou mesmo constrói seu texto com base num ou outro autor, este deve ter seu discurso levado às exatas medidas com que foi construído. Com suas acusações mais horrendas ao tema, ou seus elogios mais ébrios.

 

fiction © John Pritchett

Os jornais, ao serem politicamente corretos, correm o risco de se tornarem leitura diária de ficção

 

Do discurso pessoal e do que deveria ser relato da realidade amenizado pelas palavras, entramos no reino da ficção. E dessa ficção que é lida como relato do real, só podem sair cidadãos que não vivem mais na realidade, mas ficam absortos na verossimilhança do real material e perdidos na ficção do real subjetivo. Depois disso, como já mostra o apanhado que já apontei aqui de Regresso ao Admirável Mundo Novo de Huxley: só resta o totalitarismo da estabilidade, a ditadura pacífica.

4 Comentários:

Rodrigo Andolfato disse...

É muito mais fácil ter a mesma opinião de todos né, assim todo mundo concorda com você? Quando você tem sua opinião própria sua vida torna-se até mais dura. Eu mesmo sempre fui a favor das cotas nas universidades e vivo levando paulada por causa disso. Todo mundo lê nas revistas mil artigos e motivos para serem contra as cotas e sempre tão caindo de pau em cima de mim. Mas continuo com minha opinião, que não esta nas revistas, e é até mesmo de argumentação difícil,mas está na sociedade que vejo todos os dias e por isso não abro mão de minha opinião!

Um grande abraço!

Francisco disse...

Grande Érick!
Até acho que conheço esse teu amigo!KKKKKKKKKKKK
Confesso que o comentário que vc fez no blog dele, e eu li várias vezes, me tocou bastante.
Hoje em dia, expor opiniões, o que não foi o caso dele, sempre causa revolta em quem se acha o dono da verdade.
Há mais ou menos dois meses, postei um texto "A Autoridade Africana", que falava sobre um grande amigo que tenho, e por ser ele negro, fui mal interpretado e chamado de burguês racista por uns e outros. Fazer o quê!!
Ah, o "beijãozão" da tua ruiva, foi puro carinho, viu! Ninguém troca um Érick por um Popeye qualquer!KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Abraços!

Érick Delemon disse...

HAHAHAHHAHAHA =))

Pois é Francisco... bom que esse comentário serviu de algum alento pro amigo!
o/

Poxa, burguês racista... uahuahuah acusação além de injusta, defasada na História hahaha...

Abraçossss

arthurhss disse...

Para poder falar que já vim por aqui, até porque eu estou para fazer isto há um bom tempo. :)). Primeiramente, gostaria de dizer que o final desta postagem foi a coisa mais assustadora. Porque enquanto eu lia todo o texto eu fiquei pensando sobre o livro do Huxley e sobre ao tratamento hipnótico que os "sujeitos" recebem para ingressarem na sociedade. E quando eu chego ao fim do post o que eu leio?:-O. Quanto ao que está escrito eu achei muito bem escrito, além de ser a mais pura verdade. Essa história de ser politicamente correto estraga a pessoa. "Maconha bom, cigarro ruim." é o que eu mais gosto, seguido do aborto! =))hahahaha não sei se é algo para se rir, mas eu sinto essa vontade ao pensar quantos "contrários" existem no moralismo, do século XXI em especial. Acho que é isto! Abraço e parabéns!

:)) ;)) ;;) :D ;) :p :(( :) :( :X =(( :-o :-/ :-* :| 8-} :)] ~x( :-t b-( :-L x( =))

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