Por: (Érick) Delemon
Olá pessoal, hoje achei que não podia escapar de uma vontade que me segue há um tempo: falar de Aldous Huxley. Desejo um dia fazer um post sobre seu legado. Mas enquanto isso, falo de somente dois ensaios fundamentais desse autor tantas vezes equiparado e comparado a George Orwell abordado ontem mesmo pelo colega Pedro. Falo de "As Portas da Percepção" e "Céu e Inferno"
O culto autor de "Admirável Mundo Novo" traz nesses dois ensaios suas experiências com drogas. E por isso o chamo de crítico, pois mesmo não sendo científico, nem mesmo lírico, é literário e descreve suas experiências e até resultados de alguns estudos que realizou. Não é portanto o que hoje se entenderia por "crítico de drogas". Ao contrário, Huxley dá sua versão, e ponto final. O que pode ser perigoso num momento em que o clima de renegação das drogas é tão presente.
Em As Portas da Percepção (1954), ele descreve realmente como foi o experimento, em 1953 de tomar mescalina, um alcalóide extraído de um cacto mexicano (peiote). Chega a ser engraçado a maneira como ele toma o remédio, e começa a sentir as implicações mentais que são descritas pela própria cobaia.
Peiote: alucinógeno conhecido dos indígenas mexicanos
Experimentar super sensibilidade dos cinco sentidos, "viajar na maionese" ao ver "um quadro menos conhecido e não muito bom" de Boticelli! Traz ao leitor algo muito interessante, e nisso julgo o livro "perigoso" para a moral de hoje: é tentador experimentar o peiote e enxergar o mundo sem a mente semi-cerrada! E nisso Aldous é bem filosófico, criando uma 'teoria' (se assim podemos chamar) de que a percepção nunca absorve na realidade os reais estímulos visuais, táteis e sonoros das coisas: para a própria proteção do indivíduo, que de outra forma se distrairia com a enxurrada de estímulos desnecessários para a sobrevivência; afirmando assim que em estado normal, temos a percepção semi-cerrada.
Púrpura seda e movimento da saia embeveceu Huxley
Já em Céu e Inferno (1956) o autor faz uma continuação das análises sobre os efeitos das drogas, tentado mostrar outras formas em que se pode ter experiências alucinógenas, de jejum e autoflagelação, passando pela luz estroboscópica até falta de vitaminas e oxigenação no sangue. O título é justamente pra mostrar os dois lados das experiências narcóticas. Mesmo que não versando teorias sobre a epistemologia como fez no ensaio anterior, esse tem um tom ainda mais filosófico por analisar a relação entre brilho, objetos brilhantes, desenhos geométricos, arte e psíque.
A parte Pop do assunto: A banda The Doors, deve seu nome estritamente ao ensaio "The Doors of Perception", o porquê não é difícil de imaginar: a relação com drogas, a sensibilidade extrema de certas sensações parecem estar impregnadas nas músicas de Morrison! Depois dessa associação e o próprio tema dos ensaios fez de Huxley (que morreu em 1963) símbolo, melhor: guru do movimento hippie e da contracultura californiana de 1970's.
10 Comentários:
não sabia que existia algum escritor falando de efeitos alucinógenos....é interessante ler, assim agente descobre como essa gente doida sente uhauahuah, meu nerd favorito escreve bem até! xD bricadeira! =*
nossa vei q cult.....
mas eu prefiro as viagens do bob esponja( serio aquele desenho sim eh pra adultos)
Eu não creio muito nesse lance de que as drogas aumentam a percepção e talz...
Sou mais do tipo que acha que elas matam a revolução. hahaha!
Enfim, o que interessante aí é que Huxley antecipa uma das questões mais em voga no movimento hippie e pela contracultura e psicodelia. Foi um visionário. Fato!
Curti o post. Muito bem feito. Quando você tinha me falado sobre física ontem fiquei com medo. hauahauahua!
Abraços
.
http://solucomental.blogspot.com
parabenss aeee
muito bom o post
Taí, que antes de experimentarem as "portas da percepção", possam os incautos pelo menos saber um pouco mais sobre as consequências, mas sem pre-julgamentos e do ponto de vista de um escritor/filósofo curioso que resolveu ver qual era a da mescalina.
Excelente post!
Meu garoto! ;)
Síntese perfeita sobre Huxley!
Vou aguardar o post detalhado.
Perfeita também a observação sobre o nome "The Doors".
Gente que sabe, é outra coisa! Hehehe
Abraços
Amei,amei seu post!! Não conhecia este Huxley e muito menos o teor dos livros escritos por ele ( não me considere alienada plz hahaha)Muito doido msm!! Não acredito que as drogas abram a mente para novas perspectivas.Acredito que elas tragam uma maquiagem para a realidade e no final uma fuga para muitos.Fiquei curiosa: como ele morreu? Overdose? Suicidio? ou velhinho em uma caminha quentinha rsrsrsrs Bjussssssssssssss
P.S: Vou voltar! Gostei do blog!!
nossa vei q cult.....[2]
mto massa, gostei deste assunto.
ou parabens, vc escreve mt bem
xD
Tema muito bem lembrado, Érick! Apenas me permita uma pequena correção: a contracultura é filha da década de 1960, e não 1970, mas muita gente confunde mesmo. Recomendo, até para futuro post seu, "Anos 60", de Luiz Carlos Maciel. Veja no Google. Vale muito!
Aquele abraço!
Bill. De fato, o caso da contracultura é realmente 1960 =D, coloquei 70 pelas próprias informações no livro (comentadores acerca do texto) que colocam a influência mais pontual dele nos anos 70, na califórina e como continuação do movimento mesmo que seu nascimento tenha se dado na década anterior =D.
Lis. Huxley merece posts e mais posts. A família dele quase toda tem algum reconhecimento em alguma coisa (digo isso pq tem a árvore genealógica na en_wikipedia com muitos artigos pra seus parentes). Sou da mesma opinião para com as drogas... justamente o que torna eses livro tão atraente, por dizer algo que foge da nossa opinião sem ser pseudo-intelectual!
E até onde sei, ele morreu no mesmo dia que C. S. Lewis (do Nárnia) e o JFK (dia estranho esse). Tomou duas doses de LSD nesse mesmo dia... acho que tinha virado hábito.. mas parece que realmente morreu da deterioração da saúde pelo câncer com o qual foi diagnosticado aos 60, morrendo aos 69!
P.S.: Perdão pelo comentário longo e obrigado a todos pela recepção positiva, é realmente um bom incentivo
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